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Produtividade

Saúde mental no ambiente de trabalho

By janeiro 31st, 2022No Comments
Descubra como a saúde mental é importante no ambiente de trabalho

Para muitas pessoas, o trabalho é uma parte importante da vida. É onde se passa grande parte do tempo e, muitas vezes, onde se faz amigos. Se um colaborador não está se saindo tão bem quanto de costume, possui sentimentos de culpa ou fica temeroso por qualquer coisa, são fatores de risco da saúde mental que podem estar presentes na Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do esgotamento profissional. De acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde, o estudo Percepções do Impacto da Covid-19, desenvolvido pela Ipsos em março de 2021, analisou que o Brasil aparece como o país com mais ansiedade do mundo, tendo 18,6 milhões de ansiosos, o que significa 9,3% da população. Após o surgimento e durante a pandemia, houve um aumento exponencial do número de casos de Burnout.

A partir de 1° de janeiro de 2022 a OMS passou a reconhecer oficialmente o distúrbio como doença de trabalho na nova Classificação Internacional de Doença – CID 11. O esgotamento profissional não está relacionado a um evento pessoal, é um transtorno psíquico ocasionado pelo cansaço extremo causado pelo estado de tensão emocional e estresse provocados por condições de trabalho desgastantes e que afeta a pessoa em diversos setores da vida profissional e pessoal.  Certos fatores que prejudicam a saúde mental podem ser encontrados em condições de trabalho, como por exemplo um colaborador pode ter habilidades para concluir tarefas, mas pode ter poucos recursos para fazer o que é necessário e/ou má práticas de comunicação, rotinas extensas além do horário de trabalho e a falta de conexão com colegas e líderes pioram durante a pandemia. 

O que é burnout?

O esgotamento por trabalho acontece quando os profissionais ficam exaustos, é um processo psicológico e ocorre devido ao estresse prolongado ou excesso de horas de trabalho. Os principais sinais de burnout incluem a sensação de vazio, frustração e exaustão. Alguns dos outros sintomas de burnout podem incluir:

  • Irritação;
  • Falta de empatia;
  • Ansiedade;
  • Depressão;

Os motivos para o burnout podem ocorrer principalmente pela pressão no trabalho, principalmente quando os profissionais possuem metas inalcançáveis e falta de acompanhamento da gestão. O impacto psicológico é enorme e também dificulta os relacionamentos entre equipe e liderança, podendo ocasionar a uma falta de satisfação no trabalho. Baseado na cultura organizacional em que prioriza o bem-estar, a produtividade e o melhor desempenho, a estratégia de employee experience analisa um conjunto de percepções desde sentimentos, experiências do colaborador com a empresa, além de apresentar uma visão holística do comportamento do profissional. 

É possível reduzir o burnout, com algumas mudanças como a implementação de um processo de avaliação de desempenho, proporcionar maior autonomia para o colaborador, além de aumentar o envolvimento demonstrando maior feedback com relação às suas atividades. 

A saúde mental do colaborador

Um ambiente de trabalho tóxico pode agravar condições pré-existentes ou piorar seus efeitos. Essas consequências para a saúde mental podem ter custos para as empresas em termos de produtividade reduzida e aumento da rotatividade. Com os novos formatos de trabalho, os primeiros sinais de alerta podem transparecer em colaboradores muito distraídos, cansados, evitando colegas, procrastinando mais ou até mesmo assumindo mais trabalho do que se pode gerenciar. Outros itens que também podem estar relacionados ao burnout são tarefas inadequadas para as competências do profissional, carga de trabalho alta e falta de apoio da liderança. 

A conscientização sobre a saúde mental está aumentando, principalmente com a nova classificação realizada pela OMS, porém ainda é possível verificar em empresas profissionais que enfrentam discriminação e podem ter dificuldades para obter a ajuda que precisam. Quando a empresa cria culturas no local de trabalho, onde as pessoas podem ser elas mesmas, é mais fácil para as pessoas falarem sobre problemas de saúde mental sem medo e buscar ajuda quando precisar.

É essencial que o ambiente corporativo se torne um local onde os profissionais se sintam seguros para serem elas mesmas. Um local de trabalho saudável pode ser descrito como aquele em que trabalhadores e gestores contribuem ativamente para o ambiente de trabalho, promovendo e protegendo a saúde, a segurança e o bem-estar de todos os funcionários. Alguns processos como inclusão de avaliação de desempenho por competências, metas e objetivos permitem que os colaboradores possam acompanhar seus resultados, é importante otimizar rotinas repetitivas, disponibilizar maior capacitação e treinamentos, aprimorando habilidade e competências, além de momentos de pausa entre suas atividades.

O papel da empresa na saúde mental dos profissionais

Anteriormente o empregador poderia alegar uma série de outros fatores como predisposição do profissional a ter depressão ou ser uma pessoa que se cobra muito. De acordo com a CID-11, a empresa agora precisa provar que o diagnóstico do trabalhador está errado e que não é Burnout. Portanto antes de chegar em níveis processuais, é importante que a empresa invista mais em apoio à saúde mental, melhorando as condições de trabalho, em particular com horários flexíveis, apoio e desenvolvimento a uma cultura de conscientização sobre saúde mental entre os colaboradores, tornando informações, ferramentas e suporte acessíveis quando necessário.

É essencial que o RH promova uma gestão eficaz para garantir que todos os profissionais tenham uma conversa regular sobre sua saúde e bem-estar com gestor, supervisor ou líder. Os líderes também devem tratar a saúde mental como uma prioridade organizacional, sendo aliados à equipe de RH e compartilhando suas percepções em caso de mudanças nos subordinados diretos. Às vezes, uma queda sutil (ou mais óbvia) no desempenho do profissional pode ser um sinal de que um membro da equipe pode estar passando por problemas. O comportamento inaceitável e o baixo desempenho devem ser abordados, mas esteja ciente de que o medo pode impedir uma pessoa de revelar um problema de saúde mental.

Avaliações de desempenho podem ser muito desafiadoras para pessoas que viveram experiências de problemas de saúde mental. Por isso, é necessário utilizar metodologias de avaliação de desempenho, envolver os colaboradores na tomada de decisões, transmitindo sensação de controle e participação, além de práticas organizacionais que apoiam um equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal.

Joaquim Assunção

Co-Founder da Improvefy, professor da FGV e executivo C-Level com vasta experiência em OKRs e planejamento estratégico.